Nós seres humanos vivemos nesse mundo por um breve período de tempo. Talvez a infância seja a fase mais bonita das três que podemos definir melhor. Na infância, começamos a ter os nossos primeiros lampejos de consciência, ainda que a concentração não seja um ponto forte nessa época da vida, fazemos planos fantasiosos e não nos preocupamos com o futuro, porque a morte ainda é um conceito vago e muito distante da realidade.
Na adolescência perdemos muito da ingenuidade que tem as crianças e começamos a perceber que o futuro pode ser mais obscuro e tenebroso do que parecia. Então, nos agarramos a ídolos, músicas, ideias revolucionárias, pessoas e começamos a criar um futuro quase sempre bonito, perfeito, onde todos ficamos ricos e todos os problemas ficam para trás. E assim entramos na segunda fase da vida.
A Realidade Chega
Agora somos adultos, e o tempo parece passar três vezes mais rápido. As riquezas se parecem mais com pacotes de carnês e contas a pagar, e os problemas se multiplicam dia a dia. Para aquelas que ainda não encontraram o príncipe encantado, uma nostalgia inexplicável fere o peito ao ouvir Bon Jovi. Mas é claro, a esperança é a última que morre e a sorte pode fazer uma visita, qualquer hora dessas.
E o que vem depois? Você é o personagem da sua vida. O protagonista da sua história. E ao mesmo tempo o autor responsável pelo o começo, meio e fim dessa trama. O que você está escrevendo agora para o seu futuro, uma fábula ou uma biografia digna de ser lida?
Tudo vai depender de como você quer morrer. Eu sei, ninguém quer falar sobre isso, mas em algum momento, temos que pensar nisso. Ou então, perderemos o direito de escolher. Você quer morrer cercada por seus familiares, filhos, netos e bisnetos? Ou ao contrário, contar com a sorte e a caridade de estranhos? Não se engane, a terceira fase da vida chega muito rápido, afinal, o tempo passa três vezes mais rápido na segunda fase da vida. E o que podemos dizer da terceira e mais importante fase da vida?
O Que Você Pode Fazer
Comece a pensar no seu futuro com bastante seriedade, fazendo uma autoanálise sobre o que você está fazendo agora. Compreenda para onde você está indo e se esse lugar te agrada. O que você está construindo? Suas obras são realmente importantes? Quais são as chances de você se arrepender do que você está fazendo agora, quando chegar na terceira fase da sua vida? Porque apesar de parecer que temos muito tempo para curtir a vida, fingir que temos 10 anos a menos, e o pior de tudo, acreditarmos nessa mentira, as décadas nos esmagam e os sinais nos desmentem, a verdade aparece.
Se Houvesse a Lâmpada Maravilhosa, o Que Você Pediria?
Na mitologia grega encontramos a história da Sibila de Cumas. Sibila de Cumas era considerada como a mais importante das dez sibilas conhecidas. Era também conhecida como a Deífoba – palavra que significa deidade, ou que tem a forma de uma deusa. Apolo que era o deus que inspirava as profecias das sibilas, concebeu à Sibila de Cumas a possibilidade de realizar um grande desejo.
A Sibila então colocou um punhado de areia em sua mão e pediu-lhe para viver tantos anos, quantas fossem as partículas de terra que haviam ali. Mas esqueceu-se de pedir, também, a eterna juventude. O tempo passou e ela tornou-se tão consumida pela idade, que teve de ser encerrada no templo de Apolo em Cumas. A lenda diz que ela viveu nove vidas humanas de 110 anos cada.
Num dos seus poemas T. S. Eliot faz referência ao Satiricon, na passagem onde Trimalquio afirma ter visto a Sibila emurchecida num jarro suspenso, desejando a morte.
Como vimos, nem sempre o que parece vantajoso num primeiro momento, permanece agradável ao longo dos anos. Por isso, as festas, a bebedeira, os falso amigos, um futuro imaginário que nunca chega, pode ser como os grãos de areia nas mãos da Sibila, passando de momentos de prazer a lamentos de dor e sofrimento.
Isso nos leva a crer que, tudo tem seu tempo, sua quantidade e qualidade. Tudo aquilo que é bom, em exagero, se torna em seu oposto.
Mas e então, se você pudesse realizar um grande desejo, o que você pediria?
